Escrito por Jaqueline Volpe.
Eu não sou expert no assunto, mas gostaria de compartilhar o pouco que sei.
O seguro está no nosso cotidiano em forma de seguro saúde, seguro para o carro, seguro para a vida e por que não seguro para a sua carga?!
Você pode contratar a seguradora direto e fazer uma apólice para você, ou pode seguir na apólice dos seus prestadores (agente de cargas / despachantes).
A cobertura do seguro vai depender do Incoterm e do que foi negociado, e vai até o endereço do importador na INVOICE.
Para nós, como agentes de cargas, o seguro contempla o custo da mercadoria + frete + despesas + lucros esperados de no máximo 10%. Há a possibilidade de incluir os impostos, mas isso deve ser definido com a seguradora e/ou parceiros ANTES do embarque. Há também a possibilidade do seguro cobrir apenas o valor da carga e do frete. Mas tudo tem que ser definido antes.
Importante enfatizar que o seguro NÃO cobre as avarias do conteiner!!!!!
Existem tipos de mercadoria que não tem cobertura em apólices comum, como pneus, eletronicos, munições, café…para tal, é necessário pedir autorização da seguradora antes do embarque e dependendo do país de origem/destino, as seguradoras não cobrem.
Agora que você já sabe como negociar o seu seguro, vamos a operacionalização: Uma vez que tem a apólice aberta com a seguradora, é importante enviar os documentos para eles averbarem o seguro ANTES da chegada da carga, seja aéreo ou marítimo. Após a chegada, precisaremos enviar a seguradora o mantra (para aéreo) ou o TFA (para o marítimo) ou o documento correto de acordo com o modal. Toda carga que chega tem avaria informada (eu acredito que 99,99% tem!) e com isso a seguradora pede para todos os responsáveis da cadeia que assinem a carta protesto (com a tecnologia, o aceite por email já é válido).
Todos precisam ter o conhecimento de que receberam a carta protesto.
O importador tem 10 dias CORRIDOS para receber as cartas protestos com a devida ciência a contar da data informada no documento de avaria (Mantra, TFA, MIC).
A transportadora que faz a parte terrestre, também tem seu seguro, mas o seguro internacional contratado supostamente cobre a parte terrestre.
Mas aqui temos algumas pegadinhas previstas em apólice e é sempre bom ficar ciente:
O gerenciamento de risco das transportadoras tem que funcionar, não podem mandar um motorista com ficha suja e acontece alguma coisa, o seguro internacional já não cobre.
Se o motorista parar no meio do caminho para troca de caminhão, dormir em pátio, o seguro internacional também não cobre.
A sua transportadora local precisa estar de acordo com as regras impostas pela apólice do seguro que contratou para evitar de não ter cobertura em caso de qualquer sinistro nesse trecho da logística.
Falando em sinistro, o importador tem 10 dias corridos a contar da entrega da carga no endereço da invoice para acionar a seguradora sobre qualquer sinistro. O seguro da sua carga é MUITO importante, MAS mais importante ainda é atenção nas entrelinhas.
De que adianta pagar o seguro sendo que alguém não fez a coisa certa e acaba anulando o documento?
Vale lembrar que para AVARIAS GROSSAS, aquelas onde o navio pega fogo, os conteiners caem no mar, aquelas tragédias do nosso ramo, todos os importadores que estiverem naquele navio são obrigados a pagar 8% do valor da mercadoria para a seguradora do navio (que no caso são várias pois uma só não aguenta o tranco).
Se vc tiver seguro, a sua seguradora paga esses 8%…agora se vc não tiver seguro….não trago boas notícias.. 🙁
E qual a diferença entre AVARIA e SINISTRO?
Avaria é um apontamento do que aconteceu com a sua carga no primeiro olhar (amassada, rasgadas, molhada).
Sinistro é quando você identifica que a avaria estragou a sua carga e vc vai precisar acionar o seguro que sorte, se vc tiver um e foi operacionalizado corretamente!!!
Nos meus anos de Comex, eu já presenciei algumas tragédias. Na maioria das avarias, seja ela grossa ou particular, meus clientes tinham seguro e estavam tranquilos. Mas nas rodas de conversa com amigos da área, sempre tem alguém para contar uma tragédia.
Não vire história ruim de happy hour, vá atrás de entender e incluir o seguro para a sua carga!
Texto escrito originalmente por Jaqueline Volpe, a “bam bam bam” de coordenação de embarques de importação em agenciamento de cargas.
“Obrigada, Jaque, pela contribuição”
